Era um vez um espelho que após ser utilizado,por bastante tempo,foi encostado num canto de um quarto de despejo.Já havia decorrido muito tempo em que ele estava lá,sozinho,empoeirado e sem utilidade.Esta situaçao já estava provocando nele um certo enfraquecimento de sua altoconsciencia e identidade.
Pergunta-se:
_Quem sou?
_Qual a minha fisionomia?
_Por que existo?
_Para quem existo?
Mas algo de estranho estava acontecendo pois não conseguia responder a nenhuma dessas indagações sobre si.Isto o deixava vazio,triste e muito solitário.Certo dia,entra naquele quarto de objetos encostados,uma pequena criança correndo pra lá e pra cá e cuja curiosidade a leveva a mexer em tudo o que encontrava.Percebendo esta movimentação,esta quebra do silêncio rotineiro,o espelho sentiu uma vibração e após saboreá-la e deixa-la tomar conta de sua superfície,empoeirada,a identificou como sentimento de presença.Começou a perceber que em si,algo renascia.
Com a vivacidade,que lhe é própria a criança remexia em tudo aproximando-se sempre mais do esconderijo do espelho...O espelho por sua vez sentia-se próximo de alguém...e esta realidade estava sendo para ele muito boa!
_O que está se passado comigo?_perguntava o espelho.
_Esta presença está me devolvendo emoções perdidas e outras nunca vivenciadas...Sinto acordar em mim: vida,sentimento,memória...
Recuperava-se bem devagar e profundamente,quando afinal foi tocado.A criança estava ali,agarrada ao espelho,curtindo,entre risos e admiração,sua face refletida nele.Olhava-se de todos os ângulos,fazia caretas,dava gargalhadas, abria e piscava os olhos,movimenta-se com liberdade.
Atônito,feliz,surpreso,o espelho que já renascia ao perceber apenas a presença de alguém,agora sente a certeza,o gozo e o compromisso de se ter reencontrado.
Muito bonita a história. Parabéns. Helenice.
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